sábado, 17 de outubro de 2009

Corpo São

Era uma vez uma menina chata...
Prazer, stefania!
Era uma vez uma menina chata que estava com frio na barriga.
Frio na barriga porque vira um filme muito, muito triste.
E também por causa de uma rã que cruzara seu caminho.
Também por uma lagartixa que lhe fitara cara a cara no banheiro da casa do Presidente Afonso Penna.
Era uma vez uma menina que queria demais.
Mas demais mesmo.
E esse tanto querer lhe dava muito frio na barriga.
Queria dançar, cantar, escrever, pintar, desenhar, cozinhar, costurar.
Queria tudo; queria demais.
Era uma vez um frio na barriga.
O frio se instalava em cada corpo que sentia êxtase e pavor ao mesmo tempo.
Em cada corpo dúbio, cada corpo barroco.
Corpo que não pode saber se dói ou se alegra.
Corpo humano; corpo são.
Era uma vez uma menina chata com um frio na barriga, que queria demais e cujo corpo era são.
Era uma vez um coração.